E agora Quase quatro anos depois Quando você me ligou Pra dizer Que não consegue dormir Que não conseguiu se deitar Com outras Eu me senti culpado No ano que vem Você vai ter sua chance de brilhar E eu não sei Onde eu vou estar Se alguém te falar Que não vai dar tempo Talvez você entenda Não vai dar pra mim Eu não vou conseguir Me recuperar aqui

O mar está fluindo ao contrário O céu está enfurecido Nada disso é normal Mas eu sinto que isso é real Todos estão indo à montanha Onde será a minha casa O vento é forte E a chuva pesada Onde será a minha casa? Onde será a minha casa? Se existe um deus Ele vai te perdoar Por não estar aqui pra cuidar Dos seus pais na velhice Se existe um deus Ele vai te perdoar Por acreditar que aqui Existe um Peixe Grande

Parece que eu tenho diminuído De tamanho junto com sono Volta e meia eu me pego pensando Nesse sentimento específico Um sentimento que é como acordar Um pouco antes do sol nascer Caminhar na ponta dos pés Só pra não fazer barulho E entrar bem devagar Na piscina e ficar boiando Respirando, pensando e existindo Com o intuito de mudar como eu me sinto E eu tenho muita vontade De viver dentro desse momento Que é meio sonho, memória ou desejo Embora eu nunca tivesse morado Em um lugar com piscina E com móveis de madeira Parece tão real, parece tão real Eu sinto que esse momento existiu E foi o ápice da minha vida Eu não consegui ouvir Nenhum barulho que não fosse O meu coração batendo sobre a água Eu nunca senti tanta calma e tranquilidade Eu tirei a camisa no quintal Ninguém viu meus ombros dourados Eu não consegui ouvir Nenhum barulho que não fosse O meu coração batendo sobre a água Eu nunca senti tanta calma e tranquilidade O meu rosto está vermelho E o meu sangue circula como um brilho Eu não consegui ouvir Nenhum barulho que não fosse O meu coração batendo sobre a água

Não precisa mais se preocupar comigo. Fui parte das coisas horríveis que aconteceram Quero fazer algo bom agora Vá embora Leve o tempo que for preciso Vou sentir a sua falta Mas você irá embora E voltará com histórias incríveis E nenhuma delas será sobre mim ou sobre nós Pegue a minha mão Deixa que eu vou na frente Pegue a minha mão Eu enfrento por nós dois Não tem mais ninguém Não tem nada Não tem nem ar Nessa casa sem janelas

Eu senti o seu esforço Meu sangue esquentou E quando esfriou eu parei De circular sozinho E agora estou na companhia Do meu sonho violento Que deseja a volta do morno A volta do morno e do medíocre Meu corpo se acostumou A segurar certas coisas Mas minha boca e os meus olhos Não escondem o meu sangue

Músicas pra relaxar Trilha sonora das minhas caminhadas matinais Sobre o Campus Sem rumo, mas involuntariamente fazendo O caminho que eu sempre faço O caminho que me levou Até uma vereadora chorando A morte de sua companheira E isso nunca saiu da minha cabeça Lembro das vezes que eu vinha pro Coreu Sem mesmo estudar aqui Eu e o meu amigo vivíamos nos bares vizinhos E andávamos pelo bairro e pelo Campus A gente nunca precisou de férias Por que eu não fazia nada E ele matava aula todos os dias Todos os dias Atualmente eu acho que a gente tirou férias um do outro Os dias vem escurecendo e ficando mais barulhentos A gente se entende como pessoas diferentes A gente se entende como pessoas diferentes Embora naqueles bares a gente fosse parte Das mesmas piadas e dos mesmos abismos Nossa perdição perante as coisas não é suficiente Pra nos manter em companhia o tempo todo Esses campos com cavalos Nos mostram cada vez mais O quanto a gente precisa um dos outros E o quanto a gente destrói um aos outros Sem nem perceber Sem nem perceber Cada dia mais perto de desistir Eu me vejo o primeiro a largar esse barco Eles também vão fazer isso Vão ouvir minha voz em algum momento Mesmo que se formem Um dia talvez eles entendam O que passou na minha cabeça No dia em que subimos em cima de um carro Pra ganhar uns pontos forçados Chega de pontos, chega de sonhar acordado Chega de pontos, chega de sonhar acordado Minhas férias ainda não acabaram Elas começaram quando eu fiz nove anos E elas vão durar até o dia em que eu morrer O tempo ocioso deixa a cabeça mole e quebradiça O tempo ocupado deixa a mente seca e borrachuda Esse é o paralelo em que eu me encontro Depois de supostamente completar O que chamamos de ciclos E começarmos de novo do zero Com o mesmo corte de cabelo De quando eu tinha nove anos E com os mesmos maus hábitos De quando eu tinha 15 anos Com algumas músicas pra relaxar Voltando no ônibus Sem saber se eu devo ou não Fazer contato visual Com essas pessoas que me rodeiam Sabendo que tudo o que elas querem são férias (4x) Eu não quero mais férias